Práticas de gerenciamento de projetos numa viagem: Expedição Mundo Andino (parte 3 de 4)

por | 7 set, 2016 | Para ser um super GP |

Continuando nossa trajetória, este é o post 3 de 4 que revela para vocês a construção do projeto Mundo Andino, mais especificamente a fase de Iniciação desse projeto. Neste post eu vou falar o que havíamos pensado sobre benefícios do projeto, quais foram as nossas principais premissas e restrições.

Se você não leu o post anterior, confira neste link.

Benefícios do projeto

A realização de um projeto permite que possamos colher benefícios no futuro. Esses benefícios podem não estar diretamente vinculados ao objetivo, mas permeiam o caminho e fortalecem o nosso propósito de realmente querer fazer o projeto.

Quando gerenciamos projetos temos que estar cientes desses benefícios e como podemos proporcioná-los. Um projeto entrega muito mais do que ele se propõe a fazer. Se você pensar, por exemplo, nesse projeto Mundo Andino, o objetivo é realizar uma viagem, mas existem várias outras coisas que são entregues em conjunto com essa viagem que fazem com que o seu valor aumente e torne o projeto cada vez mais interessante e prioritário. Alguns benefícios que estabelecemos com o projeto Mundo Andino foram:

  • Gerar memórias e experiências incríveis
  • Inspirar pessoas a empreenderem projetos semelhantes
  • Registro da viagem em nossa página “I Love Viajar”
  • Criação de conteúdo didático para aulas de gerenciamento de projetos de Moisés Luna

Foto: Chegando nas Islas flotantes de Los Uros, em Puno no Peru, uma recepção animada. Os Uros são um povo nativo da região do Peru e Bolívia, possivelmente descendentes de civilizações pré Inca. Eles vivem em ilhas flutuantes artificiais feitas de uma planta aquática chamada totora. Há muitos séculos atrás eles adotaram essa vida para se defender e fugir da dominação espanhola. A experiência de conhecer essas pessoas é um exemplo de benefício do projeto associado com “memórias e experiências incríveis”. Só indo lá para saber como é“.

Premissas

Outro aspecto extremamente importante em projetos é compreender suas premissas. Premissas são suposições consideradas como verdadeiras, porém caso não sejam poderão ocasionar em um risco. As premissas em geral são externas e não estão no controle do responsável do projeto para tentar, por exemplo, confirmá-la ou eliminá-la.

Por exemplo, uma das premissas que estabelecemos no projeto está associada a variação cambial do dólar. Embora os países visitados também possuam suas respectivas moedas, o dólar ainda sim é uma moeda forte e muitas coisas no projeto tiveram que ser pagas nessa moeda. Assumimos, portanto, a seguinte premissa:

  • A variação do dólar no período de planejamento e execução da viagem não será superior a 20% em relação à cotação vigente (a cotação havia sido feita em R$4,00 – De deixar qualquer viajante de cabelo em pé!).

Vamos entender o conceito: Eu acabei de fazer uma suposição que pode ser falsa. Se for falsa isso terá um impacto negativo no meu projeto (mas o impacto poderia ser positivo dependendo da situação), podendo aumentar o meu orçamento ou mesmo fazer com que eu reduza o escopo do projeto, já que eu não poderia “pagar” por toda a viagem. Ela é externa e não está no meu domínio controla-la. Todavia, eu posso pensar em planos de ações caso essa premissa se confirme como falsa, o que me permite agir de maneira mais rápida causando menor impacto possível no projeto.

De fato, posteriormente, não ocorreram alterações de câmbio significativas, o que garantiu com que os nossos custos ficassem muito próximos do valor que havíamos planejado. Mas lei de Murphy sabe como é? Depois que voltamos de viagem, o dólar começou a despencar. No momento que estou escrevendo este artigo ele está em R$3,30 (já são 70 centavos de diferença, cerca de 17,5% menor). Isso me leva a crer que as minhas decisões de realizar viagem impactam consideravelmente o mercado… 🙂

Por que fazemos suposições para nossos projetos? Porque isso pode impactar de maneira expressiva nos rumos do projeto e precisamos, portanto, estabeler cenários ou mesmo planos de gerenciamento de riscos que envolvam, por exemplo, o dólar ter uma variação maior que a esperada. Dependendo da premissa, caso não queiramos correr o risco, o projeto pode nem do papel.

Algumas premissas que foram identificadas no projeto:

  • A variação do dólar no período de planejamento e execução da viagem não será superior a 20% em relação à cotação vigente.
  • Haverá pessoa e/ou profissional disponível para cuidar de nosso pet durante a viagem.
  • As agências de turismo são idôneas e irão honrar seus pacotes de turismo.
  • Não haverá alteração de voos ou cancelamentos que possam prejudicar o roteiro de viagem.
  • Não iremos ficar doentes durante ou antes da viagem (era época de chuvas e os noticiários estavam alertando sobre casos de dengue, zica e chicungunha)
  • Haverá condições climáticas favoráveis que permitam visitar e observar os astros no maior centro astronômico da América Latina, em San Pedro de Atacama.

Foto: Laguna Tebinquiche no Salar de Atacama. Céu nublado refletindo as nuvens no lago. Magnífico! Porém, nuvens como essas acabam por prejudicar o nosso roteiro em relação à observação dos astros no maior centro astronômico da América Latina. Uma premissa que não se confirmou (haverá condições climáticas favoráveis) e acabou alterando o roteiro da viagem. Fica então para a próxima visita“.

Restrições

Diferente das premissas, restrições são internas ao projeto e normalmente estão na alçada do gerente de projetos controlar. As restrições são limites estabelecidos para o projeto, para servir de parâmetro, a fim de estabelecer o que pode e o que não pode ser feito.

Por exemplo, uma das restrições que propusemos a nós mesmos é:

  • A mochila de cada um dos viajantes não poderá ultrapassar 10Kg de peso.

Embora ainda seja pesada para os moldes de “viagem de mochilão”, consideramos que seria o peso ideal para carregar as coisas que estávamos planejando, uma vez que iríamos enfrentar temperaturas extremas, de -10˚ até 35˚ graus. Portanto, a necessidade de se estabelecer limites, a fim de não sofrer para carregar coisas durante a viagem e também evitar problemas de saúde no futuro, principalmente com a coluna.

Algumas restrições que foram identificadas no projeto:

  • A mochila de cada um dos viajantes não poderá ultrapassar 10Kg de peso.
  • Os viajantes deverão estar com suas vacinas em dia e com porte do cartão de vacina para o caso de apresentação na entrada à Bolívia.
  • Não serão adquiridos souvenir durante a viagem para que isso não pese as mochilas. A aquisição de souvenir pode ser feita no último trecho da viagem, em San Pedro de Atacama.
  • Trechos longos ou acidentados que representam alto risco serão realizados por meio aéreo.
  • Toda documentação da viagem (passaporte, vouchers, tickets de voos, etc) deverão estar disponíveis em fotocópia e também eletronicamente, utilizando recurso do Dropbox.
  • É obrigatória a contratação de seguro viagem durante todo o trecho.
  • Os viajantes não irão consumir alimentos crus, como peixes, verduras, frutas e sucos, como alternativa de mitigação de risco de intoxicação alimentar, o que poderia prejudicar o roteiro. Deve-se optar por alimentos fritos, assados ou cozidos.

Foto: Prato peruano famoso conhecido como Ceviche. Ele é feito à base de peixe cru marinado no limão e “leche de tigre”. Calma, ninguém ordenhou uma tigresa para fazer este prato. O “leche” é por causa da coloração do suco de limão com peixe marinado, que mais se assemelha a um leite e o “tigre” é pelo fato deste molho ser utilizado para curar ressacas e dar força para quem ingere. Embora a recomendação (restrição) de evitar ingerir alimentos crus ao longo da viagem, não tive como resistir a esse. Simplesmente saboroso e estou aqui escrevendo este texto com água na boca! Diversos amigos e pessoas que conhecemos ao longo da viagem tiveram problemas de intoxicação alimentar, o que causou indisposição, enjoos e náuseas. Felizmente não tivemos nenhum desses problemas“.

Tanto as premissas e restrições podem, na fase de planejamento, nos orientar sobre a formatação do plano e ajudar a criar atividades no projeto que ajudem a reduzir os riscos associados às premissas e também criar atividades que permitam com que as restrições sejam cumpridas. Por exemplo, nós precisamos criar uma tarefa de visita ao Centro do Viajante, local onde tomamos as vacinas faltantes e obtenção do cartão internacional de vacinas.

No último post desta série vou falar sobre a análise das partes interessadas. Vocês vão descobrir que até um cachorro pode ser uma parte interessada em um projeto… 🙂

O artigo 4 de 4 desta série pode ser encontrado neste link.

Um abraço,

______________________

 Moisés Luna é especialista e um apaixonado pela profissão de gerenciamento de projetos. Certificado PMP pelo PMI, nos últimos anos tem atuado em projetos nos ramos de serviços, tecnologia e engenharia. É palestrante e professor convidado em diversas instituições de ensino. Moisés participou em 2014-2015 de um grande programa de liderança do PMI, o Leadership Institute Master Class. Atualmente se dedica fortemente em seu programa de capacitação profissional voltado para a certificação PMP e CAPM, o YouPM (youpm.com.br).

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